Pesquisadores japoneses e alemães desenvolveram em animais um
antivírus que se mostrou muito eficaz no combate a um vírus semelhante ao
sarampo e que poderia ajudar, juntamente com a vacinação, a erradicar uma
doença que mata dezenas de milhares de pessoas por ano. A doença, altamente
contagiosa, mata cerca de 150.000 pessoas ao ano desde 2007.
O novo antivírus, chamado ERDRP-0519l, bloqueia a multiplicação do
vírus da cinomose, que afeta animais como cães e furões, e que é muito similar
ao causador do sarampo nos humanos. O antiviral administrado oralmente impediu
a morte dos animais e permitiu reduzir a carga viral fortemente. Além disso,
permitiu que os animais afetados desenvolvessem uma forte imunidade ao vírus.
O aparecimento desse potente antiviral é particularmente animador
e sugere que o tratamento pode, não só salvar o indivíduo infectado, como
também contribuir para sanar as carências imunológicas da população. O
antivírus, barato e fácil de armazenar, pode dar um impulso aos esforços para a
erradicação do sarampo, ao conter a propagação das epidemias locais. Além
disso, pode ser usado para tratar pessoas próximas a um infectado que ainda não
apresentem os sintomas.
No entanto, quando for desenvolvida uma versão para humanos, o
antivírus não substituirá a vacina. O medicamento não tem como objetivo ser uma
alternativa à vacina, mas sim uma arma complementar nos esforços para eliminar
o sarampo. É preciso haver uma taxa de vacinação de pelo menos 90% da população
para impedir a transmissão endêmica do vírus. Na Europa, a taxa varia entre 60%
e 90%, dependendo do país, enquanto nos Estados Unidos, supera os 90%.
Segundo os cientistas, uma em cada três pessoas que contraem o
sarampo e não se vacinam desenvolve pneumonia ou inflamação do cérebro. A
próxima etapa da pesquisa será testar a nova molécula em macacos. Nos próximos
anos, serão feitos testes clínicos em humanos – provavelmente adolescentes e
adultos jovens.
Fonte: UOL